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25 de fevereiro de 2012

Deu na Imprensa: Cuscuz Molhado

/ PONTA NEGRA / SOB CHUVA, PROFESSORES COLOCAM TROÇA CARNAVALESCA NA RUA PARA PROTESTAR CONTRA PROBLEMAS DA EDUCAÇÃO

LUAN XAVIER
DO NOVO JORNAL

Professora Amanda Gurgel distribuiu cuscuz aos foliões.
PARA A MAIORIA das pessoas, o carnaval é uma época em que os problemas são deixados de lado para que o corpo e a mente fi quem à mercê da diversão. Os professores da rede pública de educação, porém, resolveram mudar essa receita, aliando a folia às reivindicações da classe. A maneira que eles encontraram para isso foi distribuir cuscuz no meio da rua com o bloco Cuscuz Alegado, encabeçado pela professora Amanda Gurgel, que tornou-se símbolo nacional na luta pelos direitos dos educadores.

Sábado de carnaval. Num dos pólos carnavalescos espalhados pela cidade, a chamada Praça da Vilarte, em Ponta Negra, os integrantes do bloco Cuscuz Alegado aproveitaram a concentração do tradicional “Poetas, Carecas, Bruxas e Lobisomens” para, mesmo debaixo de uma forte chuva, mostrar aos demais foliões o motivo da criação da mais nova troça carnavalesca da cidade.

“O Cuscuz Alegado é um bloco organizado por professores da rede pública de ensino e foi criado para mostrar nossas reivindicações com muita irreverência e animação”, explicou a professora Aparecida Rêgo. Vestida de amarelo, “a cor do cuscuz” e do abadá improvisado do bloco, a educadora conta que o nome saiu do discurso da colega Amanda Gurgel na Assembleia Legislativa do RN, que ganhou repercussão nacional. Naquela ocasião, Amanda reclamou da atuação da promotora Carla Amico, que recomendou a proibição do consumo da merenda escolar pelos professores em seu horário de trabalho.

Pré-candidata a vereadora de Natal, Amanda Gurgel foi a última a chegar à concentração do bloco. Com ela, duas enormes panelas de cuscuz, rapidamente transformadas em dezenas de pratinhos, para felicidade geral dos presentes. Sem perder o bom humor, tampouco o discurso militante, ela disse que o cuscuz foi uma maneira irreverente de chamar a atenção das pessoas, mas que o objetivo era realçar os problemas enfrentados dia após dias pelos profissionais da educação.

“Essa foi a forma que a gente encontrou de protestar contra todos os problemas da nossa educação”, comentou a educadora. “É um bloco de protesto e de irreverência, mostrando que nem no carnaval esquecemos da nossa luta”, ressalta Amanda.

Além do cuscuz, bem mais molhado após a chuva que caiu sobre Natal sábado, faixas, cartazes, camisas e personagens. Um deles, um professor, foi preso por portar 150g de uma sustância proibida: “Me pegaram com um cuscuz”, diz. A ideia chamou a atenção de quem passava, inclusive de alguns professores que não sabiam da existência do bloco.

“Vou até fazer uma foto aqui porque eu também sou professor e compartilho da luta do pessoal”, disse um turista. O estandarte exibia a data de criação do bloco – 1500. A explicação vem na faixa de abertura do cortejo, que saiu da Praça da Vilarte até o Ponto Sete, às margens da Avenida Engenheiro Roberto Freire. “Micarla, Rosalba, Dilma: Desde 1500 nenhum governo prioriza a educação”.

FOTOS: VANESSA SIMÕES / NJ
Quando o cortejo saiu, puxando uma série de outros blocos, a atenção das pessoas era voltada ao movimento. “Olha só, é um bloco de protesto. Legal”, disse uma senhora que assistia, animada, ao desfile. À frente de Amanda Gurgel e seus companheiros, quem dava o tom no bloco eram os jovens do Batuque da Resistência, um projeto social coordenado pelo professor Marcus Vinícius há três anos, e que conta com o envolvimento de crianças e adolescentes da Escola Municipal Josa Botelho, de Ponta Negra.

Eles, que conhecem bem o cotidiano dos professores – e são diretamente afetados com seu rendimento dentro de sala – também provaram – e aprovaram – do cuscuz servido no bloco. Amanda aproveitou, já que não pode comer na escola. “Essa proibição, na verdade é por uma lei federal, que diz que a merenda escolar deve ser consumida pelos alunos, mas entendemos que isso deve ser readequado; afinal, a escola não é feita apenas pelos alunos”, comentou.

Fonte: Novo Jornal - 22/02/2012

2 comentários:

Margot disse...

Boa ideia!!! Quem sabe assim as pessoas se solidarizem mais com a luta da nossa categoria...

Henrique Jordon disse...

Q beleza! Carnaval é isso aí: Irreverência e atitude nas ruas!

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