gustavo

7 de fevereiro de 2012

Quando o direito de morar nos é roubado

Olá, meus colegas trabalhadores!

Depois de um curto período de “recesso” (a reposição de aulas e as cadernetas ficaram com a maior parte dele), estou retomando minhas atividades e voltando a blogar por aqui. Peço, antes de qualquer coisa, desculpas pela ausência. Mas vamos lá, o tempo não para. Infelizmente, o primeiro post de 2012 é sobre um fato monstruoso, que com certeza deixou indignadas todas as pessoas com o mínimo senso de humanidade. Estou me referindo ao caso do Pinheirinho, em São José dos Campos, onde mais de seis mil seres humanos foram expulsos de suas casas pela PM, numa absurda e violenta reintegração de posse comandada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e pelo prefeito da cidade, Eduardo Cury.

Imagino que vocês, provavelmente, saibam como tudo aconteceu, mais pelo que foi publicado nas redes sociais e mídias alternativas do que pela cobertura da grande imprensa. Helicópteros, blindados, armas de fogo, bombas de gás e dois mil policiais para rasgar, na cara desta tão propalada democracia, o direito inalienável à moradia daquelas famílias de trabalhadores. Aos poucos, os relatos dos moradores vão revelando os estarrecedores abusos cometidos pela polícia, com o aval do poder público. Até casos de estupro, roubo e assassinato estão surgindo. A barbárie ocorrida no Pinheirinho foi além da violação dos direitos humanos e demonstrou, definitivamente, que este Estado e esta Justiça não servem para defender os mais necessitados.

Gente, como é possível que o governador de um estado, o prefeito de uma cidade e a justiça sejam os responsáveis por desalojar homens, mulheres, crianças e idosos de suas casas?! Tão terrível quanto o fato em si foi a razão para deixar desabrigadas ou alojadas precariamente quase duas mil famílias. Em tese, o “dono” do terreno onde ficava o Pinheirinho é o bilionário senhor Naji Nahas, o mesmo grande especulador financeiro que foi preso pela Polícia Federal na operação Satiagraha por corrupção e lavagem de dinheiro. Foi a este homem riquíssimo e corrupto que a justiça devolveu o terreno onde mais de seis mil pessoas moravam há oito anos.

Mas fica a pergunta que não quer calar: para quê o bilionário Naji Nahas quer uma terra com 1,3 milhão de metros quadrados? Com certeza não é para construir casas populares e entregá-las a quem precisa. O objetivo, evidentemente, é ganhar mais dinheiro com a crescente especulação imobiliária em São José dos Campos. E aqui se revela mais uma vez, agora na face do senhor Nahas, toda a avareza e ganância típicas do capitalismo. Nessa lógica, é preferível acumular riquezas, terras, propriedades e multiplicar dinheiro com agiotagem a abrir mão de um terreno que estava abandonado há mais de três décadas, gerando inclusive uma dívida milionária com impostos, antes de ser ocupado pel@s trabalhadores (as) sem-teto que o transformaram em um bairro. Mas isso faz parte do jogo sujo do capitalismo que, assim como o PSDB e o ricaço Naji Nahas, não se importa com os pobres e trabalhadores. Importam-se apenas em ficar cada vez mais ricos...

O governador Geraldo Alckmin e o prefeito Eduardo Cury, além da grande imprensa, chegaram a dizer que a justiça e a polícia estavam simplesmente cumprindo a lei e que, em um Estado Democrático de Direito, a lei deve sempre ser cumprida. Doa em quem doer. Entretanto, não é bem assim que as coisas funcionam. Por aqui, apenas as leis que beneficiam os ricos e poderosos são respeitadas. Ou alguém já conseguiu esquecer as enormes greves que fizemos em 2011 para exigir que a Lei do Piso fosse cumprida? E depois de tanta luta, e de tanta pancadaria com que fomos recebid@s em muitos estados e municípios, quantos estão cumprindo, por exemplo, com 1/3 da jornada de trabalho para atividades de elaboração e planejamento? Pois bem, isso comprova que com os pobres a história é bem diferente. As pessoas que foram expulsas de suas casas no Pinheirinho tiveram seu direito à moradia sumariamente ignorado, apesar de a Constituição, a maior lei do país, considerá-lo inalienável. É por isso que acho inadmissível o cumprimento de leis que geram problemas e injustiças sociais para favorecer uma minoria endinheirada.

Mas, apesar de tudo isso, me orgulho ter visto a resistência d@s lutadores (as) do Pinheirinho e de todos aqueles que estão dando grandes demonstrações de solidariedade no Brasil e no mundo. Aqui, em Natal, realizamos um belíssimo ato público com cerca de 600 pessoas, que reuniu 18 entidades, entre sindicatos e movimentos sociais, para dar apoio ao povo do Pinheirinho. Penso que devemos seguir assim. Com força, luta e solidariedade para conquistar e reconquistar direitos. A campanha financeira da CSP-Conlutas (clique aqui) para ajudar os desabrigados deve ser abraçada por tod@s nós. Além disso, devemos aumentar ainda mais a exigência para que a presidenta Dilma deixe de lado os discursos e passe, de fato, à ação. Se realmente defende @s trabalhadores (as) e pobres, o governo federal precisa desapropriar o terreno e entregá-lo de volta aos seus verdadeiros donos, que fizeram do Pinheirinho um lar, e não um espaço para maracutaias financeiras. 

Cerca de 600 pessoas participaram de ato de solidariedade ao Pinheirinho
Manifestação ocupou uma das principais avenidas de Natal
"É preciso que Dilma desaproprie  o terreno e o entregue aos moradores do Pinheirinho."

3 comentários:

Ambientalista Altinopolense disse...

Vc é a lider que nós precisamos .....

e-mail rodrigosfim@hotmail.com

Abração e força sempre ...

Coisas miúdas ou graúdas disse...

A mídia tem mostrado: http://www.coisasmiudasegraudas.blogspot.com/2012/01/ricardo-boechat-e-favela-pinheirinho.html#links

ABDORAL disse...

Bom, não conheço todo o teu trabalho mas o que ja vi foi suficiente para te admirar, a força que teu discurso alcança e se propaga é admirável, resta saber,você se manterá fiel ao que prega ou sucumbira diante da maior oferta, todo mundo tem seu preço basta o outro lado saber qual é para as tentativas começarem. Em todo canto que fui sempre disse que o brasil precisa de uma revolução com propósito firmado e que tenha começo, meio e fim . O nosso povo é um povo com enorme alienação , e é tão grande esse poder alienador que achamos ser nosso ter tanto medo, ser tão conformado ,estar sempre tão amedrontado, estar sempre tão apaixonado por alegrias efêmeras, terminando por não importar a real situação que nos encontramos.EU QUERO MUDANÇA, você me inspirou a querer isso e vou fazer minha parte.

Postar um comentário

 
Design by Free Wordpress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Templates